Há exatamente 20 anos atrás, era-nos lançado o desafio para uma nova Bauhaus Europeia, um movimento que pretendia trazer o sentido estético e a inclusão para as preocupações ambientais da época.
Agora em 2040 podemos já ver os resultados desse repto, algo que era tão novo na altura e que se tornou tão comum no nosso dia-a-dia. O espaço público ganhou outra dinâmica, foi reclamado à cidade pelas pessoas e os edifícios, que outrora passavam despercebidos pelas vias rápidas que os interrompiam, tinham agora uma responsabilidade acrescida de se fazer representar com a sua melhor roupagem.
Adeus à marquise e olá ao espaço exterior que nos entra pela casa adentro, trazendo a paisagem e a luz natural com a sombra desejada para estarmos confortáveis o ano inteiro. A varanda da vizinha não é tão verde quanto a minha, diz orgulhosamente o cidadão que se faz representar do seu mural vertical de aromáticas e suculentas. Responde a vizinha, do alto da estufa urbana no seu telhado, que tem os melhores tomates do bairro, até porque estes são de produção local.
Mas não só da aparência vive o ser humano, que é como quem diz, o edifício construído e, portanto, a integração de materiais naturais, reciclados, recicláveis, reutilizados e todos os ‘R’s que lhe queiramos acrescentar passou a ser uma prioridade nestes autênticos aspirantes a sumidouros de carbono. Sim, porque as paredes verticais destes ‘novos’ edifícios são autênticos pulmões que não só purificam o ar como as águas da chuva, que são depois reutilizadas para diversos propósitos.
Circularidade diriam os meus antepassados, inteligência digo eu. Isto porque nestes anos 40 do sec. XXI, os nossos edifícios pensam, agem e propõem tudo e mais alguma coisa. Chamam-lhe hipocarbónicos (qual maleita “mais boa”), positivos, flexíveis e coletivos, porque não só consomem pouca energia como a produzem, transformam, armazenam e partilham.
E as pessoas? Essas vivem os espaços que agora se lhes apraz, em edifícios saudáveis, bonitos, eficientes e confortáveis, que lhes permitem estar, usar e contemplar a paisagem construída em harmonia com a natureza. Edifícios esses que são acessíveis (fisicamente e financeiramente), numa verdadeira democratização da habitação e dos serviços, alguns deles partilhando áreas comuns que promovem a solidariedade e o sentido de comunidade.
Ninguém ficou para trás nesta revolução de mente sã em edifício são que trouxe ao de cima o que de melhor há no ser humano: a sua capacidade de evoluir e inovar, agora com uma maior consciência e respeito pelo meio que nos rodeia. Neste balanço ao desafio lançado pela nova Bauhaus, só podemos concluir que nada se perdeu, mas tudo se transformou.